quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MAIO - ENCONTRO UFF: "EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS MICROPOLÍTICAS DE EXCLUSÃO"


















Professoras e alunas do Curso Normal participaram do encontro na UFF



Data: :13 de maio de 2009, quarta-feira

Horário: 18h às 21:30h

Local: UFF, Campus do Gragoatá, Bloco O, Auditório.

Esse encontro foi promovido pelo Conselho Regional de Psicologia e dividido em dois momento. No primeiro, a mesa foi composta por membros do CRP e, o segundo, por educadores e psicólogos refletindo sobre o acesso e permanência na escola e a relação entre a psicologia e educação.

As palestrantes Helena Monteiro, Kátia Aguiar, Maria Conceição Nascimento e Mariana Fiore provocaram o público nas suas exposições. Educação inclusiva, qual a sua definição? A quem se destina, Quais são os processos de exclusão que ocorrem em consequência deste processo? O que significa ser excluído ou incluído? Qualquer pessoa ou grupo pode ser contemplado com esse projeto? Qual o papel do psicólogo na escola?

A exposição da professora e psicóloga Mariana Fiore foi, para mim, a mais crítica e com um ponto de vista mais próximo do meu. Ela chamou o público à reflexão dizendo que “se a escola fosse realmente um espaço de todos e democrática, ou seja, onde todos tivessem iguais condições de acesso e permanência, não estaríamos falando de inclusão hoje. Se falamos de educação inclusiva é porque a escola não foi feita para incluir ninguém”.

E não foi mesmo! A história da educação comprova isso!

Ela disse que a educação inclusiva só reforça a exclusão. Esse termo, para ela, está associado à patologia, à deficiência. Devemos evitar o olhar biomédico no espaço escolar causado pelo não saber lidar com a diferença. O professor é um sujeito acostumado a lidar com o saber e se depara efetivamente com o lugar radical do não saber sobre o outro, da diferença, de si mesmo. Esse não saber é extremamente assustador e provoca deslocamentos”.

Neste sistema exclusivo que tenta incluir, a psicóloga Mariana e todos os componentes da mesa em suas falas, afirmaram que a psicologia deve produzir conhecimento neste campo problematizar e desconstruir práticas naturalizadas. Cabe a ele construir estratégicas que possibilitem intervir na produção de dificuldades, de incapacidade, de repetência e de medicalização.

Na segunda parte do encontro, participaram da mesa as palestrantes Maria Teresa Esteban, Marisa Lopes da Rocha, Claudia Fernandes e Nelma Alves Marques Pintor.

A professora Nelma, responsável pela Coordenação de Educação Inclusiva da Fundação Municipal de Educação de Niterói, falou sobre a queda nos índices de fracasso e evasão escolar no município de Niterói atribuindo a conquista à educação por ciclos e mostrou como a prefeitura vem realizando o trabalho de inclusão no espaço escolar e as tecnologias assistivas utilizadas. Ao falar das micropolíticas de exclusão, a psicóloga enumerou vários aspectos que contribuem para que a força contrária que leva à exclusão seja predominante.

Em seguida à apresentação técnica da professora Nelma, as outras palestrantes levantaram questões sobre os altos índices de evasão e repetência e os indicadores como o ENEM, por exemplo, alertando que através da própria existência destes podemos pesquisar sobre o porquê do fracasso escolar dos alunos e da própria educação, e o significado de inclusão. Todos preocupados em dizer que esse conceito estaria sendo usado por elas não apenas referindo-se aos alunos com necessidades educacionais especiais, mas a todos os alunos.

A professora Claudia Fernandes usou charges para comparar o modelo de escola de 100, 50 anos atrás e a de hoje. O modelo é o mesmo. A organização física da sala de aula é a mesma. A massificação de conteúdos é a mesma. O tempo para o equilíbrio entre assimilação e acomodação dos novos estímulos é o mesmo para todos os alunos e a maneira de apresentá-los também é a mesma. Mas não somos todos iguais. Somos diferentes e a escola não trabalha levando em conta essa diferença. A professora falou da proposta de organização escolar em ciclos e discutiu as tentativas de se repensar a escola em sua concepção e em seus modos de organização, tanto do ponto de vista das práticas quanto do ponto de vista da organização do trabalho docente, como das políticas que implementam e alicerçam tais mudanças. Chamou atenção para a necessidade de (re)significação da escola, para a (re)organização escolar. A escola multivariada com aproveitamentos dos espaços intra e extra escolar. Uma escola atraente.

A professora Maria Teresa Esteban encerrou o debate afirmando que a escola exclui a maioria e inclui uma parcela muito pequena de alunos enclausurando-os em modelos pré definidos. Ela defendeu a (re)construção da cultura escolar sobre o processo de avaliação a fim de inverter seu sentido, de modo que de produtor de fracasso se torne articulador do sucesso escolar das crianças das classes populares. Mas não é apenas mudando os procedimentos de avaliação que se vai produzir sucesso escolar e inclusão social. A avaliação atualmente é classificatória produzindo uma avaliação que tem por princípio a produção de uma hierarquia que classifica e seleciona. Para que classificar e selecionar? Para incluir os melhores classificados e excluir os piores classificados? Se existe preocupação efetivamente com uma educação de qualidade para todos, o princípio não pode ser esse, diz ela. Precisamos produzir outras modalidades de avaliação, que tenham como ponto de partida a certeza de que todos aprendam, que todos têm direito a uma escola de qualidade. Cabe a nós, enquanto escola e sociedade, criar condições para uma escola de qualidade para todos. Devemos transformar os alunos em diversos e potencializar a diferença, elemento articulador do processo pedagógico.

Pesquisando sobre as palestrantes para melhor entender suas defesas no encontro, encontrei um vídeo no site do CRP-RJ sobre medicalização. Esse vídeo é baseado na dissertação de Helena do Rego Monteiro apresentada à UNI RIO para obtenção do título de Mestre em Educação.

http://www.crprj.org.br/6111.html


Pesquisando, encontrei também entrevistas com as palestrantes nos endereços a seguir:

Kátia Aguiar: http://www.crprj.org.br/noticias/J20entrevista_katia.pdf

Mariana Fiori: http://www.crprj.org.br/noticias/J20entrevista_mariana.pdf

Maria Teresa Esteban:

http://www.webartigos.com/articles/16599/1/avaliacao-no-cotidiano-escolar/pagina1.html

http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/0611t.PDF


E procurando por alguma charge apresentada na exposição da professora Claudia Fernandes, encontrei outra interessante:

http://charges.uol.com.br/2009/03/04/cotidiano-aluno-estranho/



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